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Autora dos livros TEMPO ESCOLHAS HISTÓRIA e A CORRIDA DE GERAÇÕES - informações nesse blog.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

ESTAÇÃO

Sol a pino.
Tic-tac, tic-tac, tic-tac.

-      Veja Carlos, estamos passando por um vilarejo e parece que terá festa.
-      Sim Rodrigo, é festa comemorativa a boa lavoura. Vi comentários na rede de relacionamentos.
-      Sabe por quantos dias? Quando começa? Já estou interessado.
-      Uma semana de pura diversão. Haverá danças, bandeirolas, comes e bebes típicos da região.

Tic-tac, tic-tac, tic-tac.

-      Quando chegarmos à estação Rodrigo, poderemos verificar os horários disponíveis e quem sabe participarmos desse evento?
-      Hummm.... Estou gostando muito dessa conversa.
-      Também quero vir, pois a publicidade foi bem feita instigando a curiosidade de conhecer uma cultura tradicional do interior e de aproveitar para ganhar a mulherada.
-      Estamos sintonizados. Tenho os mesmos interesses.
-      Combinado, faremos uma programação. Quem sabe nosso passeio não ficará melhor do que imaginamos.
-      Estou torcendo para que no retorno da viagem minha mala esteja repleta de boas histórias.
-      A expectativa ajuda a encantar o passeio.
-      Nesse caso também colabora para que meus pensamentos desliguem um pouco de Ana.
-      Estava demorando a falar nela Rodrigo. Sabia que não iria aguentar por muito tempo.
-      Ora, você sabe que resolvi aproveitar essas férias da faculdade para resolver minha vida amorosa Carlos.
-      Bom, se vai resolver não sei, mas que será bom para avaliar, isso será.

Tic-tac, tic-tac, tic-tac.

-      Olhe Carlos que linda paisagem! O campo é realmente muito bonito. Natureza, paz, simplicidade. Como faz bem sair da rotina estressante da cidade grande.
-      Ajuda-nos a rever conceitos e maneira de viver. Repare nos animais. Quando bem cuidados e possuindo o necessário para uma vida tranquila refletem em seu comportamento a satisfação. Para que mais? O ser humano dificulta muitas vezes seu próprio meio de vida.
-      Nem fale. Não vê essa guerra contra o mosquito da dengue e das outras doenças recém descobertas? Isso não é falta de informação é simplesmente falta de educação das pessoas.
-      Se não jogassem lixo pelas ruas seria diferente. Pare por alguns instantes em uma rua de movimento de carros. A todo o momento vemos pessoas jogando latinha, sacos de salgadinhos entre outras porcarias pela janela. É o fim do mundo!
-      A educação começa em casa. Se em seu próprio habitat você não cuida do espaço que ocupa, que dirá em via pública.
-      Educação é a palavra. Respeito para com todos é o caminho.

Tic-tac, tic-tac, tic-tac.

-      Vamos até o vagão do restaurante Carlos? Já está na hora do almoço.
-      Minha barriga já deu sinal de fome.
-      Sempre tive vontade de fazer esse passeio. Estou muito feliz em estar aqui.
-      Havia me dito que uma hora era por falta de grana, outra por falta de companhia ou até mesmo de oportunidade. Tudo tem sua hora certa meu amigo. Também estou feliz em compartilhar o passeio. Nos últimos tempos acumulei muitas obrigações e atividades e já estava por um triz de ficar doente. Essa viagem veio em ótima hora.
-      Então vamos aproveitar. Paisagem, boa comida.

Piuuuíííííííííí´....

No vagão do restaurante foi servida uma comida caseira ao som de um violeiro. O vagão estava cheio. Às mesas tinham famílias, pessoas que viajavam sozinhas ou mesmo a trabalho. Rodrigo e Carlos falaram sobre o campeonato de futebol. Esse ano o Bafo estava na frente. Tem tudo para levar a taça. Após uma hora em seus assentos, Rodrigo e Carlos preparavam-se para o desembarque.

-      Rodrigo, em quinze minutos chegaremos à estação. Quando descermos, nos orientamos a respeito dos horários e já compramos as passagens para o destino final: Retiro Alegre.
-       Ok. Estou morrendo de calor. Com licença... Qual seu nome?
-       Marília.
-       Eu sou Rodrigo. Também vai descer na próxima estação?
-       Sim, é a última parada desse percurso. Gostaram da viagem?
-       Bastante, este é meu amigo Carlos.
-       Prazer Marília.
-       Prazer Carlos.
-      Você está viajando sozinha?
-      Sempre faço esse caminho. Moro em Cachos e trabalho na cidade vizinha, Jaboti.
-      Que bacana! O que você faz?
-      Sou auxiliar de enfermagem em um posto de Saúde. E vocês? Pelo jeito estão a passeio.
-      Sério? Bonita profissão. Eu e Carlos estudamos agronomia. Moramos na capital e resolvemos aproveitar as férias da faculdade para fazermos um passeio diferente e descansar.
-      Vocês vão à Festa da Lavoura? Se quiserem posso mostrar-lhes os melhores atrativos do evento.
-      Gostaríamos muito se não formos atrapalhar.
-      De maneira alguma. Eu e minha família possuímos uma barraca de doces bem na entrada do parque de diversões. Apareçam quando quiserem. Estarei lá em todos os dias da festa.
-      Com certeza estaremos lá Marília.
-      Chegamos. (disse Carlos só observando o jeito de Rodrigo).

Tic- tac, tic-tac, tic-tac.

Todos desceram na estação e despediram-se com apertos de mãos.

-      Até breve Marília.
-      Até mais rapazes.
-      Tchau.

Segurando sua bolsa, Marília saiu da estação feliz por ter aparentemente feito novas amizades. Embora não houvessem trocado nenhum número de telefone. Porém tinha muita esperança em revê-los na Festa da Lavoura.

-      Parece que gostou bastante da enfermeira, hein? Não perde tempo mesmo!
-      Estou exercitando o que me propus a fazer nessa viagem! Não fale assim, a moça tem nome.
-      Estou brincando, também gostei dela, ou melhor, nem tanto como você. E parece que está se saindo muito bem em se tratando de relaxar.
-      Vamos ver os horários do trem e comprar as passagens para nosso destino.
-      Ok.

A estação naquele momento estava bem movimentada porque todos que estavam naquele último percurso haviam desembarcado. Os garotos não levavam muita bagagem, apenas uma mochila era suficiente para que cada um transportasse seus pertences. Rodrigo havia se interessado bastante por Marília, talvez uma nova amiga ou quem sabe algo mais. Enquanto esses pensamentos lhe vinham à mente, Carlos estava no guichê providenciando as passagens.

-      Vamos ter que esperar o próximo trem por mais duas horas e meia.
-      Podemos conhecer um pouco da cidade de Cachos enquanto isso.
-      Então vamos.
-      Olhe! Acabei de receber uma mensagem de Ana.
-      O que ela disse Rodrigo? Vamos entrar naquele taxi, pois não podemos perder muito tempo, pois a hora voa. Enquanto damos uma volta por aí você já me conta o que Ana anda querendo com você e o que pretende com as moças.

-      Pressinto que teremos uma longa e ótima viagem. Estou cheio de idéias meu amigo Carlos.

Reflexão

"De que serve o eterno criar, se a criação em nada acabar?"
 Mefistófeles, Fausto, Goethe